segunda-feira, 18 de maio de 2009

Me calo nos dedos

Essa dor aqui doi em quaquer parte,
atravessa a casa, vasculha a alma e não cala.
É o vento, o tempo, um contratempo.
Não sei qual é, não sei o que há, porém é real.
Vejo e nada enxergo, sou o um avesso sem verso.
Um albatroz, um trem bala, uma vertigem...

Esconde-esconde, brincadeirinha de criança.
Queria escrever na mesma intesidade com que falo e penso,
quero pensar nos dedos e colocar palavras, verbos, acentos graves, condicionadores e geladeiras. A vida é um carnaval sem fim!
Me fantasio de eu pra sobreviver, catar migalhas e receber trocados.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

episódio

Um solilóquio qualquer no meio da tarde, sem compromissos, razões, pretensões ou saudades.
Um marco sem sentido num dia nublado, como se fizesse vermelho em pleno oceano.
Enlaço, te laço e me lanço no mar para acalentar minha febre.
Faz fevereiro aqui dentro enquanto é junho.
Contradições sem compromisso.
Vertigem na beira da estrada, pó, poeira e vento.
Um canavial repleto de pessoas em serviço, hoje eu vi.
Hoje eu afugentei o medo e guardei para viagem coragem, cordas e canivetes.
Troco, para ter lucro, palavras por silêncio.
Velo o corpo para revelar espírito.
Vago sem nexo e, por enquanto, sem brio.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

para refrescar o amor

Na soma dos nossos dias, muitas coisas têm passado batido. O dia-a-dia carregado de suas mesmices cotidianas nivelam por baixo os sentimentos e um beijo seu, um afago meu passam batido.
Na soma dos “eu te amo” que trocamos, vai ficando a marca de um lugar comum. O que precisamos dizer realmente se esvai na preocupação com a roupa pra lavar, as contas para pagar.
O amor se desbota e a gente esquece, de repente, de dar uma outra demão, de colocar uma questão. E, de repente, a gente esquece o quão importante um é para o outro.
Para variar, rever as palavras, limpar o sentido, compor um novo verso, eu lhe escrevo tudo isso apenas para confirmar o quanto novo e belo é a velhice do clichê de nos amarmos.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

disciplina


Loucura esse exercício de concentração. A disciplina é uma mulher traiçoeira, precisamos dela como precisamos de sexo só que com a vontade menos intensa!
Depois do gozo, da plena organização, você deixa de lado, finge que não sente falta e quando dá por si, tudo na sua vida está desandado. A danada vadia da disciplina foi-se embora pra viver com outro homem. Daí, com você, fica assim...a carta não foi enviada, a dissertação atrasou a data, o ipva não foi pago e a montanha de louça cresce na pia.
E no fim de noite, no início do ano, cheios de álcool e esperanças a gente se reencontra e eu faço mil promessas a ela. Deixaria de vez o cigarro, escreveria um texto por dia no blog e só compraria um livro novo quando terminasse de ler o anterior.
Não dá, não deu... Vêm as desculpas, os porém e quando você pensa que não, ela abandonou a sua casa. Daí vai tudo de novo: o re-entendimento, a reconciliação, as promessas.
Essa minha relação com a disciplina é idílica!