sábado, 25 de dezembro de 2010

Balanço Literário 2010_Biografias


Terminei de ler a biografia da Clarice que havia iniciado no natal de 2009. Chama-se Clarice,.Assim com essa vírgula lispectoriana mesmo. Fiquei arrebatado! O autor é um canadense de uns vinte e poucos anos. Seu trabalho é fantástico, um dos mais completos sobre Clarice. Um baita paradoxo, autor canadense biografando uma brasileira... Lá eles devem ter mais grana e tempo para realizar um trabalho tão cuidadoso? É possível! Daí, engatei em outras biografias, adoro esse tipo de literatura.

A primeira que li, lá em 2006 foi a de Nelson Rodrigues, escrita por Ruy Castro que é um dos maiores biografistas do Brasil. Uma boa biografia é uma aula de vida e uma aula de história. Então, depois da Clarice veio Renato Russo - o trovador solitário por Arthur Dapive. Boa, porém, após a leitura senti que faltava alguma coisa ou algumas coisas não ditas, ou ditas superficialmente. Felizmente, existem outras publicações sobre o Renato. Prefiro contar com elas no futuro.

Em seguida, Caio Fernando Abreu. Para sempre teu, Caio F..Paula Dip, amiga de anos do biografado, colheu depoimentos, costurou histórias de sua vida intima e, mais que contar a fascinante vida desse gênio das letras, fez um retrato emocionante da capital paulistana dos anos 70 e 80 e dos seus personagens reais, que circulavam pelas redações dos jornais e revistas da época e sentiram nas veias o reflexo daquele tempo. Super emocionante!

Por fim, A bela menina do Cachorrinho, a vida de Ana Karina Montreau até por volta de seus 30 anos. Um relato emocionante. Após a leitura você se sente íntimo da autora e agradece a Deus a existência de livros, filmes, músicas, artistas e amigos que tornam a vida menos monótona, assim como momentaneamente fazem as drogas, porém, sem os danos e a ilegalidade destas.

domingo, 20 de junho de 2010

O sol e a cidade


Já não é meio-dia e, no céu pela vertiginosa inclinação do Sol, tem-se a inevitável denúncia de que o tempo passa...
Vê-se, no horizonte distante, a clarividência alaranjada nas nuvens, na extensão da planície e nas torres de concreto do centro da Cidade. Diariamente, nesse instante, todas as construções são degustadas pela língua quente do amante latino. Há o amor, o encontro acontece e somente as cortinas, já desbotadas da sala, testemunham o casal. Ele vem ao amanhecer, entretanto, partirá em breve e deixará a verde-cinza dama aquecida, porém, desolada com a irreversível escuridão noturna que em breve tomará o lugar da tarde.
Agora, no céu, as cores vesperais revelam sentidos a acusar, sem qualquer ressentimento, a despedida iminente. O crepúsculo faz da tarde ainda mais tarde e quase noite. Há uma batalha diária: tarde x noite, sem precedentes, comparável apenas à luta do despertar noite x manhã, no reinado da franca duquesa, madrugada. Anuncia-se a despedida. Ele é comprometido com a outra metade da Terra. A noite é fatídica.
Adentra-se a noite, velha e experiente viúva, consolando a jovem e desprotegida Cidade por escurecer-se com a partida inoportuna de seu amado incandescente. O idílio eterno recomeçará amanhã e a Cidade reencontrará o Sol. O astro não tardará, quando a madrugada se for. Agora, porém, já não há esperanças. Ele se vai e a metrópole tenta inutilmente contentar-se com o mercúrio das praças.
É noite.

domingo, 18 de abril de 2010

inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo não deixando, gênero não me pega mais.
cl