domingo, 21 de setembro de 2008

blefes

O preço da ousadia é caríssimo, às vezes se paga com a própria vida. Ou então, faz dessa vida mesmo um gostoso blefe. Temos facilidade para glamurizar a vida alheia. A nossa é sempre mais difícil, parece que todo mundo vive um romance americano blasé enquanto nós acordamos diariamente em pleno Almodóvar.
Minha vida tem sido assim: todos os dias tem sido vermelho, toda dor, todo rancor e toda a alegria têm sido intensos e controversos. É como se eu ouvisse Astor Piazzola de fundo.
Estou relutando em fazer análise, não sei o que há dentro de mim, tenho medos terríveis. Pode até parecer bizarro, mas sou muito feliz, embora essa vida sem glamur. Porque, esquizofrenicamente, desde criança, fico criando histórias, vivendo fantasias que, de certa forma, forjam um charme à minha vida.
Me passo por muitos outros, troco de cara, cabelo, perfume, troco a voz. Por vezes até vivencio ser outros eus, outras viagens de uma outra cabeça que não essa.
Não sei se é porque sou de uma geração que viu muito televisão, por vezes me pego protagonizando um seriado da minha imaginação. E, dia sim, dia não, me apego as narrativas da tv embalado pela glamurosa vida um ou outro personagem.
Componho personagens pra mim, adquiro novos figurinos, me perfumo e recrio novos episódios e temporadas.

Criar personagens, viver a vida como um filme é um recurso da minha esquizofrenia ou do ser humana para, reinventando, suportar a existência?

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