segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Mulheres Ricas é para rir ou para fazer pensar?



Eu gosto mais do programa Mulheres Ricas que do BBB. Ambos os programas partem do nosso ávido desejo por acompanhar a vida alheia e, para isso, tomam por modelo o gênero televisivo reality show. O reality, acredito, nasceu na tentativa de adicionar pinceladas de entretenimento ao documentário, politicamente engajado gênero cinematográfico.

No programa global, jovens narcisistas, mulheres e homens, se expõem a qualquer custo e sem o menor resquício de ética numa maratona em busca da fama. No Mulheres, o suposto dia-a-dia de distintas senhoras que vivem no apertado topo da pirâmide social brasileira é filmado, editado e exibido entremeado por depoimentos de cada uma delas, ora sobre si, ora, com toques de intriga, sobre as demais participantes.

O que me chama atenção no semanal da Band é o teor de humor acrescentado à fórmula que o alinha ao concorrente da Globo e que lá é, forçosamente, apresentado em charges animadas. Pois bem, penso que a comédia que emerge no Mulheres Ricas esteja assentada na inquietante condição de exclusão feminina ainda no século XXI. A partir do próprio título, pensar em uma mulher rica é tão estranho para a nossa lógica machista que convertemos o estranhamento em piada.

Por isso, um Homens Ricos não passaria de um documentário de uma TV paga qualquer. Já a atração no ar ganha ares de programa de humor, com direito a bordões, personagens caricatos e audiência na tv aberta. Daí porque eu gosto do programa, pelo humor. Não é por ver mulheres em situações ridículas, mas pela confirmação de que a comédia nunca é inocente ou despretensiosa. Geralmente, ela reflete, através do riso, obscuras camadas de preconceito, discriminação e desigualdade.

Esperamos o tempo em que as mulheres ricas não se tornem, gratuitamente, motivo de piada.

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